Dia de Gibi Novo: Heavy Liquid
Há algumas semanas, comentei rapidamente um texto do Mark Millar sobre a importância comparativa de escritores e desenhistas nos quadrinhos. Manifestei minha opinião - totalmente previsível para que aparece aqui com freqüência - sobre a clara superioridade dos escritores.
Heavy Liquid não faz eu questionar minha crença, mas é o tipo de hq que mostra que os desenhistas também podem ser as estrelas do show. Escrita por Paul Pope, a história não tem muita graça, apesar da premissa interessante: existe um metal raro chamado heavy liquid, que também é uma droga (mas só o protagonista da história sabe disso), e há um colecionador de arte que quer uma escultura feita do negócio - por uma artista reclusa que obviamente tem um passado com o protagonista.
A graça da série está justamente nas ilustrações de Pope. O mundo de Heavy Liquid é uma mistura de noir e ficção científica. O resultado é muito bonito e - estranhamente - não lembra em nada Blade Runner. O cenário de sci-fi não acrescenta muita coisa à história, mas permite que Pope crie visualmente um mundo a partir de elementos disparatados. O uso nada realista das cores, somado ao traço meio europeu, meio japonês torna Heavy Liquid muito agradável de ver. Acho que é a coisa mais próxima de um filme de Peter Greenway que já vi em quadrinhos.